Posts tagged ‘livros virtuais’

E a Probabilidade e a Estatística, hein?

Na faculdade eu sempre olhei muito enviesado para a Probabilidade e a Estatística, mas isso devia-se, claro, à ignorância em relação ao pensamento estatístico. Como Leonard Mlodinow nos ensina no excelente “O Andar do Bêbado: como o acaso determina nossas vidas“, e eu cito: “a mente humana foi construída para identificar uma causa definida para cada acontecimento, podendo assim ter bastante dificuldade em aceitar a influência de fatores aleatórios ou não relacionados”. É isso! Temos extrema dificuldade em entender o pensamento aleatório, probabilístico e, por consequência, o estatístico. Mas, como escrito no mesmo livro (citando o economista Armen Alchian), “os processos aleatórios são fundamentais na natureza, e onipresentes em nossa vida cotidiana; e ainda assim, a maioria das pessoas, não os compreende”.

Mas, é óbvio que isso precisa mudar. Nós, Cientistas da Computação e amantes da tecnologia e da Tecnologia da Informação em geral, não somos “a maioria das pessoas”. Precisamos mudar a nossa lógica determinística, afinal, a ciência inteira (e a Computação não fica de fora) é dominada inteiramente pela Estatística e pelo pensamento estocástico.

“O desenho de nossas vidas, como a chama da vela, é continuamente conduzido em novas direções por diversos eventos aleatórios que, juntamente com nossas reações a eles, determinam nosso destino. Como resultado, a vida é ao mesmo tempo difícil de prever e difícil de interpretar” – Leonard Mlodinow em “O Andar do Bêbado: como o acaso determina nossas vidas”

Portanto, começamos esse estudo, muitas vezes com resultados contra-intuitivos. Mas temos uma ferramenta de grande valia: o computador e as linguagens de programação. Portanto, vamos começar com um experimento básico: a probabilidade da moeda lançada.

Para isso, fiz um script em Python (2.7.11) para simular o lançamento de uma moeda e, em seguida, computar as probabilidades dos lançamentos. Os resultados são interessantes. Quanto mais o número de lançamentos aumenta mais as frequências aproximam-se do número previsto (50% para cada uma das faces).

Aqui está o código:

# -*- coding: UTF-8 -*-
"""
Função:
    Exemplo de lançamento de moeda
Autor:
    Professor Ed - Data: 29/05/2016 -
Observações:  ?
"""
def gera_matriz_lancamentos(matriz, tamanho):
    import random
    matriz_faces = []
    print 'Gerando...'
    for x in range(tamanho):
        num = random.randint(1,2) #1 = cara, 2 = coroa
        matriz.append (num)

        if num==1:
            matriz_faces.append('Cara')
        else:
            matriz_faces.append('Coroa')

    print matriz_faces

def calcula_probabilidades(matriz, tamanho):
    soma_cara = 0
    soma_coroa = 0

    for i in range(len(matriz)):
        if matriz[i]==1:
            soma_cara = soma_cara+1
        elif matriz[i]==2:
            soma_coroa = soma_coroa + 1

    probabilidade_cara = float(soma_cara)/float(tamanho)*100
    probabilidade_coroa = float(soma_coroa)/float(tamanho)*100    

    print 'Foram lancadas ' + str(soma_cara) + ' caras e ' + str(soma_coroa) + ' coroas'

    probabilidades = []
    probabilidades.append(probabilidade_cara)
    probabilidades.append(probabilidade_coroa)    

    return probabilidades

matriz=[]
tamanho = int(raw_input('Digite o tamanho da matriz de lancamentos: '))
gera_matriz_lancamentos(matriz, tamanho)
#print 'Um para cara e 2 para coroa'
#print matriz
vetor_probabilidades = []
vetor_probabilidades = calcula_probabilidades(matriz, tamanho)
print 'As probabilidades sao: %f%% e %f%%' % (vetor_probabilidades[0], vetor_probabilidades[1])

Nem sempre, como os números gerados pelo computador são (pseudo)aleatórios (falaremos disto depois), as frequências são próximas a 50% (variando bastante entre as execuções do programa), mas, em geral, sempre que a quantidade de lançamentos é imensa (acima de 10.000), as probabilidades aproximam-se do limite esperado.

Lembrando, sempre, que se lançarmos uma moeda um milhão de vezes não deveríamos esperar um placar exato (50% caras e 50% coroas). A teoria das probabilidades nos fornece uma medida do tamanho da diferença (chamada de erro) que pode existir neste experimento de um processo aleatório. Se ma moeda for lançada, digamos, N vezes, haverá um distanciamento (erro) de aproximadamente 1/2 N “caras”, este erro, de fato, pode ser para um lado ou para o outro. Ou seja, espera-se que, em “moedas honestas“, o erro seja da ordem da raiz quadrada de N.

Assim, digamos que de cada 1.000.000 lançamentos de uma moeda honesta, o número de caras se encontrará, provavelmente entre 499.000 e 501.000 (já que 1.000 é a raiz quadrada de N). Para moedas viciadas, espera-se que o erro seja consistentemente maior que a raiz quadrada de N.

probabilidade-moedaUm exemplo da execução do programa com duas instâncias exatamente iguais, mas com valores gerados diferentes. (mais ou menos como acontece na realidade).

Abaixo, um exemplo de uma instância com 100.000 lançamentos provando que as frequências, de fato, aproximam-se das probabilidades previstas (inclusive se considerado o erro):

probabilidade-moeda-100mil-lancamentos

Segundo a Lei dos Grandes Números, a média aritmética dos resultados da realização da mesma experiência repetidas vezes tende a se aproximar do valor esperado à medida que mais tentativas se sucederem. E, claro, se todos os eventos tiverem igual probabilidade o valor esperado é a média aritmética. (Lembrando, claro, que o valor em si, não pode ser “esperado” no sentido geral, o que leva à uma falácia). Ou seja, quanto mais tentativas são realizadas, mais a probabilidade da média aritmética dos resultados observados se aproximam da probabilidade real.

A Probabilidade é descrita por todos, alunos, professores e estudantes, como difícil. Em minha opinião, ela dá a impressão de ser difícil porque muitas vezes, desafia nosso senso comum (que, normalmente, tende sempre à falácia do apostador, ou de Monte Carlo), ainda mais quando dispomos do conhecimento da lei dos grandes números. Estratégias como “o dobro ou nada” nadam de braçadas no inconsciente coletivo com esta falácia.

O teorema de Bayes (que é um corolário da Lei da Probabilidade Total) explica direitinho o porque da falácia do apostador ser, bem, …, uma falácia. Sendo a moeda honesta, os resultados em diferentes lançamentos são estatisticamente independentes e a probabilidade de ter cara em um único lançamento é exatamente 12.

É isso aí. Nos próximos posts vamos falar um pouco mais sobre os significados e como calcular essas probabilidades, sempre tentando um enfoque prático com a ajuda dessa ferramenta magnífica que é o computador!
Até!

P.S.: Assim que meu repositório for clonado certinho (tive uns problemas com o Git local) eu coloco o link para o programa prontinho no Github.
Pronto! Já apanhei resolvi o problema do Git e você pode baixar o arquivo-fonte clicando aqui.
P.S.1: Acabei não resistindo e fazendo o teste para 1.000.000 de lançamentos. O resultado está aqui embaixo. Confira:

probabilidade-moeda-1000000-lancamentos

quarta-feira, 29 junho, 2016 at 2:49 pm 2 comentários

“Cypherpunks” ou a era da vigilância!

Bom, demorou (14 dias! Falta de tempo crônica já está no CID?). Demorou, mas terminei o primeiro livro de 2016. “Cypherpunks: liberdade e o futuro da Internet” de Julian Assange, Jacob Appelbaum, Andy Müller-Maguhn e Jérémie Zimmerman “narrado” em forma de diálogo. O livro é absolutamente surpreendente pelas revelações, pela “abertura de olhos” de saber que estamos, todos, vigiados praticamente todo o tempo (até em nossas compras usando cartões de crédito ou transações bancárias!). Incrível imaginar, por exemplo, que interceptar (e armazenar!) por um ano as ligações de todos as pessoas de um país como a Alemanha (81 milhões de habitantes) é mais barato que um caça-bombardeiro moderno. A segurança e a guerra cibernética são os novos campos de batalhas dos conflitos (como o episódio do vírus Stuxnet sombriamente nos revela). E nós somos, infelizmente, vítimas de governos e marionetes nas mãos de empresas poderosas (como o Facebook, por exemplo), perdendo cada vez mais a privacidade (praticamente inexistente) e a liberdade! A Internet, ferramenta libertária, por sua própria natureza e história (e a primavera árabe serve-nos de testemunha) virou instrumento-mor de monitoração, vigilância e interceptação ferindo direitos mais básicos em nome de uma guerra e uma suposta segurança que, infelizmente, não nos protege dos reais inimigos: o poder e o dinheiro!
O livro é recomendadíssimo!

 

quinta-feira, 14 janeiro, 2016 at 8:22 pm Deixe um comentário

O maravilhoso mundo dos e-books, os “livros virtuais”, “livros eletrônicos” e a democratização da leitura

Em qualquer debate que se faça sobre a educação no Brasil (e como ensinou Carl Sagan) e no mundo o fato da quantidade de livros lidos recai como uma tônica importante nos argumentos do que poderia melhorar os níveis educacionais. O livro, tecnologia resistente e importantíssima para o ser humano, enquanto espécie, enquanto povo, enquanto ser cultural e pensante foi (e é) o grande responsável pela obtenção do conhecimento e sabedoria. (Não por acaso, a História, com “H” maiúsculo se inicia com a invenção da escrita! E, não por acaso, houve e ainda há, religiões e culturas que “proíbem” a leitura de certos livros).

Feita esta introdução, digo que eu sempre fui um apaixonado por livros. São meus presentes favoritos (quando os ganho) e de extrema alegria (quando os dou para quem, como eu, os valoriza). Construí minha vida, meu caráter e minha formação intelectual e (inclusive) emocional mediante o prazer obtido pela leitura. Sem preconceitos literários, li de tudo até formar meu portfólio de “gostos”, os principais sendo os relacionados à ciência, biografias, não-ficção, aventuras, contos, romances realistas e sci-fi.

O tempo é, sabidamente, um recurso escasso nesses nossos dias loucos. Para alguém com tantos afazeres como eu (Policial Federal, Professor, Pastor, Pregador e marido) o tempo dedicado a leitura diminuiu muito nos últimos tempos. Por isso, a quantidade de livros lidos caiu muito em tempos recentes (chegando a pouco mais de 18 ano passado (2014). Sim, eu sei que é ainda muito mais do que a maioria, mas para minha média histórica é pouco, considerando ainda que a metade desses é técnico, por conta das aulas!).

Por isso, venho tentando há alguns anos me render aos e-books. Minhas primeiras tentativas foram renitentes e com pouco sucesso. Lembro-me bem dos dois primeiros que li (ainda em PDF), “O último teorema de Fermat” de Simon Singh, este lido no PC e o primeiro lido no celular (também em PDF), “Matemática e Imaginação” de Edward Kasner e James Newman (que acabei comprando posteriormente em um sebo por absurdos mais  R$ 200,00!!).

ebook

Mas eis que compro um Ipad e um Android mais moderno e me rendo ao Kindle. O primeiro livro lido no app da Amazon foi o “heavier than heaven – Mais pesado que o céu” de Charles Cross (em uma promoção maluca da Amazon onde o livro que custava acima de 50 reais, saiu-me por menos de 10!).

Achei diferente, no início estranhei um pouco, mas, pela comodidade, praticidade e preço, acabei cedendo. Agora, por exemplo, tenho 133 livros no Kindle (a maioria comprados, outros convertidos para ePub) que levo para qualquer lugar e, melhor, leio em qualquer lugar e em qualquer hora (até na esteira da academia!). Enfim.

ebookbooks

Não, de maneira alguma, abandonei o livro em papel (os técnicos, por exemplo, sigo preferindo os de papel), mas convivo com os dois mundos perfeitamente em sintonia tirando o melhor de ambos. O Kindle, por exemplo, tem tradução, dicionário, pesquisa, sincronização de leitura entre diversos dispositivos, marcações, notas, enfim, praticamente tudo o que precisamos para nos deliciar por esse universo.

Este ano (2016), após presentear meu pai com um Kindle Paperwhite em seu aniversário (ainda em 2015), acabei me rendendo e comprando um para mim também (e hoje ele é meu xodó!)

Foi então que o passo seguinte foi a rendição aos formatos. Sim, há inúmeros formatos de leitura de e-books, mas não posso deixar de citar os dois principais (que me deram uma infinidade de opções, incluindo aí leitura na Play Livros e no iBooks), o ePub e o MOBI.

O ePub (o MP3 dos e-Books), é um padrão livre e aberto criado pelo International Digital Publishing Forum (CICOM). Ele foi projetado para conteúdo fluido, o que significa que a tela de texto pode ser otimizada de acordo com o dispositivo usado para leitura (isso significa que tanto no iPhone, quanto nos inúmeros tamanhos de tela dos Androids e Windows Phone tanto quanto nos tablets e e-Readers a leitura é excelente e fluida. Eu mesmo uso tanto no Android, quanto no Iphone e no Ipad com resultados excelentes. Recomendo. Principalmente para uso com o iBooks e o Google Play Livros.

O Kindle, entretanto, não oferece suporte ao formato ePub, mas usa o formato proprietário AZW (além do MOBI e PDF). Felizmente há conversores entre os inúmeros formatos de e-books existentes. Eu recomendo fortemente o excelente programa multiplataforma Calibre para conversões e organização de sua biblioteca digital.

Eu não uso  Hoje eu uso e-readers (e estou apaixonado pelo meu Kindle). Leio Também leio no tablet (iPad), no Iphone e no Android (Moto X Galaxy S4), principalmente porque comprei primeiramente o tablet e achei que não havia necessidade de outras compras. Mas se você decidir comprar o e-reader, recomendo fortemente o Kindle Paperwhite (R$ 479,00 – de preferência com a capa de couro). Ele é, definitivamente, a melhor versão disponível (com custo-benefício relativamente acessível, já que pode ser parcelado em 12 vezes!).

Dos disponíveis no mercado nacional ele tem uma qualidade levemente superior aos demais. Mas, não se engane, somente para leitura, tanto o Kindle (R$ 299,00 em 12x) quanto o Lev (R$ 299,00 em 12x) ou o Kobo (R$ 299,00 em 12x – será que é um cartel? rsrs) dão para o gasto e auxiliam nas leituras além de serem ideais para a entrada no maravilhoso universo dos e-readers.

E os programas para leitura? Eu recomendo os seguintes:

Abaixo seguem uma série de links para você conhecer e baixar livros para iniciar suas leituras. Detalhe para concurseiros: o que vc está esperando que ainda não se rendeu aos estudos usando e-books? Não há comparação, acredite! Dica de quem passou em 7 concursos! 😉

Para os que se iniciam nos e-books só uma dica: PDF NÃO! 😉

Leitores digitais e lojas virtuais:

Sobre os Formatos de e-books:

Livros, livros, livros:

Programas para conversões e utilidades:

Outros links úteis:

Indicações e promoções:

De uma chance aos e-books e divirta-se. Mas, divirta-se lendo, aprendendo, conhecendo, enfim, vivendo aquele prazer que só os livros são capazes de proporcionar. Boas Leituras!

terça-feira, 19 maio, 2015 at 4:04 pm Deixe um comentário


Follow Computador de papel: o conteúdo da forma on WordPress.com

Feeds

O Computador de Papel

O computador de papel nada mais é do que a tentativa de "humanizar" o computador, trazê-lo para a fantasia lúdica da realidade, fazê-lo compreendido pelos milhares que o usam, mas não o entendem. Nasceu de minhas viagens intelectuais defronte da tela de fósforo um dia em que ele retrucou-me: decifra-me ou te devoro. Para não ser devorado, ousei decifrá-lo. É também onde posto minhas aulas, meus trabalhos, minhas impressões de um pouco de nada sobre coisa nenhuma. É o local onde falo das minhas paixões, entre elas, a música, o cinema, a TI e a ciência. É um espaço de discussão sobre a realidade do computador, sua influência, seus avanços, o exercício do óbvio que é mostrar a sua importância no e para o mundo. Tem o estilo de seu criador, acelerado, com um tom sempre professoral, tresloucado, por vezes verborrágico, insano, nevrálgico, sem arroubos literários, atônito e contemplativo diante da realidade, apaixonado, livre, feito para mostrar que a TI é antes de tudo, feita por gente!

Estatísticas do blog

  • 151.793 cliques e contando...

Agenda de posts

maio 2024
S T Q Q S S D
 12345
6789101112
13141516171819
20212223242526
2728293031